Escorpiões

Biologia

Escorpiões ou Lacraus são aracnídeos da ordem Scorpiones que habitam nosso planeta desde o período Siluriano, ou seja, há cerca de 400 milhões de anos. Atualmente, existem ao redor de 1.600 espécies de escorpiões, porém somente 25 delas podem causar acidentes escorpiônicos (envenenamento por picada de escorpião). Isso representa aproximadamente 1,5% da diversidade mundial do grupo, portanto apenas um pequeno número de escorpiões causa prejuízo à saúde humana.

O veneno do escorpião, cuja principal função é imobilizar um animal e, secundariamente, auxiliar na defesa contra um predador, contém um complexo químico composto principalmente de neurotoxinas que agem no sistema nervoso e causam dor e aumento da pulsação cardíaca.

Em alguns casos, a toxicidade desse veneno pode ser comparada com o volume dos pedipalpos, ou seja, quanto mais robusto os pedipalpos do animal, menos poderoso é o seu veneno e vice-versa. No Brasil, os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus, que é o mais abundante em espécies, representando cerca de 60% da fauna escorpiônica neotropical. Do ponto de vista da saúde pública, existem 5 espécies principais que podem acarretar um sério prejuízo ao homem. A espécie Tityus serrulatus é a mais importante devido a potência do seu veneno e a abundância de indivíduos no ambiente urbano.

Habitat

Os escorpiões geralmente possuem hábitos noturnos e vivem sob cascas de árvores, pedras, fendas de rochas ou buracos no solo, onde descansam e protegem-se dos seus predadores. A maioria das espécies vive no ambiente terrestre como florestas, pastagens ou desertos, porém, algumas vivem em cavernas, zonas entremarés, sobre as árvores ou associadas às bromélias.

Assim, no ambiente doméstico habitam lugares escuros e úmidos, como armários, guarda-roupas, debaixo de móveis, dentro de vasos e outros lugares que possam oferecer proteção. Além disso, são comuns em construções onde se abrigam em acúmulo de entulho, principalmente tijolos de argila, telhas e lages de concreto.

Reprodução e Ciclo de Vida

A corte de acasalamento dos escorpiões é complexa, porque envolve uma dança nupcial que pode durar algumas horas. Inicialmente, o macho prende os pedipalpos da fêmea com seus pedipalpos e, juntos caminham no ambiente. Depois, o macho conduz a fêmea até a região onde está depositado seu espermatóforo. O espermatóforo é um órgão que consiste de uma alavanca, haste, aparato de ejeção e um reservatório de esperma que o macho deposita no solo. entretanto em Tityus serrulatus a reprodução é assexuada, ou seja, os espermatozóides de um macho não são necessários para que a fêmea deixe esse processo é denominado partenogênese.

Nutrição

Para capturar o alimento, os escorpiões permanecem em posição de espera, ou seja, mantêm as pinças dos seus pedipalpos abertas e aguardam a passagem da presa. Então, eles capturam a presa e paralisam-na por meio da inoculação do veneno armazenado no seu ferrão. Paralisada, essa presa é alojada na cavidade pré-oral onde começa o processo de digestão. Os escorpiões são exclusivamente carnívoros e alimentam-se de invertebrados como cupins, grilos, baratas, moscas, mutucas e pequenas aranhas. Porém, na ocasião de escassez alimentar ou elevada densidade populacional já se observou o canibalismo em algumas espécies.

Escorpionismo

Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro de envenenamento caracterizado pela picada de escorpiões através de seu aparelho inoculador, conhecido como ferrão.

Do mesmo modo que em vários outros locais do mundo, o acidente escorpiônico no Brasil apresenta-se como um atual problema de saúde pública, não só pela sua grande incidência em determinadas regiões, como pela sua potencialidade em ocasionar quadros graves, às vezes fatais. Dados do Ministério da Saúde indicam que a ocorrência desse quadro tem se tornado mais freqüente nos últimos anos, sendo que suas notificações elevaram-se de 18 mil casos em 2001 para mais de 36 mil em 2006, com incidência anual de 16 casos/100.000 habitantes. Conforme tabela abaixo:

Grande parte dos casos ocorre em ambiente predominantemente urbano, com aumento sazonal no verão devido às chuvas e ao calor.

Distribuição dos casos (=nº), óbitos e letalidade (=LET) por escorpionismo pela faixa etária e sexo no Brasi – média do período de 2009 a 2013 (Fonte SINAN/SVS/MS²)